1. |
Sol da Dúvida
02:33
|
|||
SOL DA DÚVIDA
[Alexandre Kumpinski]
o sol do questionamento me abrasa
faço desse sol minha casa
o sol da dúvida me abrasa
tento fazer dele minha casa
o sol que me tira a certeza me abrasa
eu tento fazer dele minha casa
|
||||
2. |
Sopro
02:35
|
|||
SOPRO
[Fernão]
cego, quero a breve luz do sol
sombra me carregue
o tempo mede, o espírito me faz pesar
corpo, boca, pele, ponto fim
algo que nos vele
infinito exato do que cederá
o que nos celebra sem saber e quebra assim o que se saberá?
mesmo que o sólido princípio da matéria seja bela forma
que nos cega, luz estética que prega o fim é nada, nada..
será?
plana, plena, etérea, eterna, singela
mistério elementar
certa de pavor e adoração
nuvem de concreto que dissipará
esse eterno vício de sentir na pele o fruto que nos comerá
dentro desse círculo de vozes, faces, símbolos, futuro,
seja cura do efêmero princípio, sopro do que rege tudo ou nada, nada...
será?
|
||||
3. |
Teia
03:14
|
|||
TEIA
[Alexandre Kumpinski - Fernão - Henrique Schaefer - Diego Poloni - Luiz Gabriel Lopes - Nica Fochessatto - Jonas Lunardon]
o que te faz rir
te abre o peito
te acerta mais em cheio
mas revela uns troço que eu não sei se eu gosto
calculo fugir
mas não dá jeito
que como tudo é imperfeito
não tem rota de fuga possível
tudo avança e retrocede junto
pouco a pouco em degradê
cada um no seu caminho
ligado em teia a todos os caminhos
problema é quando a gente tá puxando duma corda
do mesmo jeito de quem tá do outro lado
puxando da mesma corda
pode ferir
será direito?
te dá no meio
mas revela uns troço
que talvez eu goste
penso em ficar, mas não dá jeito
que como tudo é movimento não tem freio que consiga interromper
tudo avança e retrocede junto, muito a muito, sem ter fim
cada um pequenininho, constelado em múltiplas direções
problema é quando a gente tá puxando duma corda
do mesmo jeito de quem tá do outro lado puxando da mesma corda
problema é quando a gente tá puxando duma corda
do mesmo jeito (ou quase) de quem tá do outro lado puxando da mesma corda
problema tem também em só ver dois lados e uma corda
quando que tudo é teia emaranhada tecida por muitas cordas
e a espera na estrada por
uma carona pode ser desesperada
a espera na estrada por uma carona pode ser desidratante
a espera na estrada por uma carona pode ser desnecessária
a espera na estrada por uma carona
pode ser…
pode ser…
pode ser…
|
||||
4. |
RJ banco imobiliário
02:43
|
|||
RJ BANCO IMOBILIÁRIO
[Alexandre Kumpinski - Lúcia Tietboehl - Danichi Mizoguchi]
alvéolos quadrados respirando gente
alvéolos quadrados respirando carros
alvéolos quadrados respirando motos
alvéolos quadrados respirando sombras
alvéolos quadrados respirando pombas
cachorros e gatos, ratos e baratas
ainda ontem pela praia alguma coisa retumbante em desespero me lembrou você
namorados tropeçavam e eu pisoteava só
choque, camadas, melanina, exposição aos céus
baixo fator de proteção em vários nós
paragadinquidingudincudigundarundêra
zigdagundêra zignaruná
só você e deus
paragatinquidinguidingudingunarunêra
zignarunêra zigdaradal
eu e meus exus
superfantástico, amigo
que bom estarmos vivos!
superfantástico, amigo
que bom estarmos vivos!
apesar que eu tô mal
rajadas de metralhadora
fazendo um arranjo bonito
numa bossa redentora
buquês de fogos de artifício
disparando um agito aflito
num reveillón inesquecível
areia esfoliando os pés
as mãos ao alto rendem jacarés
cabeça feita temperamental
concerto que vai sair caro
rio de janeiro banco imobiliário
quem me garante outra encarnação?
pediu pra parar
não parou
pediu pra parar
não parou
|
||||
5. |
O Creme e o Crime
04:06
|
|||
O CREME E O CRIME
[Alexandre Kumpinski - Léo Tietboehl - Lúcia Tietboehl]
época da guarda não compartilhada com direito à visita fim de semana sim, fim de semana não
damasquinho de apartamento tirando yakult de pedra, vendo sessão da tarde e brigando com a irmã
a trema ainda em vigência, o início da auto agência numa vidinha tão verde, inocente, não malemolente
de um player moleque do congo ao avesso
de um player moleque do congo ao avesso
de um player moleque baiano ao avesso
de um player moleque baiano ao avesso
playstation 1, 2
feijão com arroz
playstation 3, 4
teus pé de pato
playstation 1, 2
feijão com arroz
playstation 3, 4
acho mó barato
R1, R2
sou eu depois
iphone 3, 4
3, 4
desculpa nenhuma, nem tua nem minha, de ter na maminha o herdado conforto de berço nos beiço
desculpa nenhuma, nem tua nem minha, de ter na maminha o herdado conforto de berço nos beiço
uh tererê
“que culpa tenho eu se a vida não se deu fora do meu apartamento, apartado e aper...”
desculpa nenhuma, nem tua nem minha, de ter na maminha o herdado conforto de berço nos beiço
desculpa nenhuma nem tua nem minha
desculpa nenhuma, nem tua nem minha, de ter na maminha o herdado conforto de berço nos beiço
desculpa nenhuma nem tua nem minha
uh tererê
uh tererê
o tererê
em dado momento se instalam também gloriosas pequenas batalhas
travadas fora dos condomínios e dos territórios virtuais
longe dos joysticks, enjoying - mesmo que chiques - as ruas
perdendo mais que ganhando embates sociais
num confrontamento lato, um loiro se rende a um mulato
e tira também disso um entendimento mais ampliado
sobre a regência insubstancial do caráter na formação do sujeito
do sujeito que te calça na calçada
assim como na formação dos sujeitos
que subsidiam a subsistência nos apartamentos
todos nem bons nem ruins
necessariamente
todos necessariamente
nem bons nem ruins
necessariamente todos
necessariamente
todos necessariamente
todos
o creme e o crime
o creme e o crime
o creme e o crime
o creme e o crime
a gema e o regime
a algema e a vitrine
o creme e o crime
|
||||
6. |
Viralatice dos Prédios
02:10
|
|||
VIRALATICE DOS PRÉDIOS
[Alexandre Kumpinski - Henrique Schaefer - Lorenzo Flach]
olhando a cidade daqui, mais de cima e de longe
eu fico viajando na viralatice dos prédios
eu fico viajando na viralatice das caras
que emolduram semblantes em meio às janelas dos prédios
mesmo que aqui de longe eu consiga nem bem ver as caras
um pombo supera tranquilo a avalanche de rodas
e eu fico pensando nos carros que correm nas vias
e eu fico pensando no sangue que corre nas veias
emitindo e sorvendo, levando e trazendo um montante de gases
e eu fico parado pensando que sangue envelhece petróleo
finas camadas envolvem o chão
toneladas rumo aos céus
nuvem chumbo
grosso véu
benze o chão
guarda-chuvas se abrem nervosos
pontos pretos de cravo
canaletas, bueiros engolem as águas secando a cidade
eu olho meu braço com poros abertos brotando umidade
eu ouço sirenes abrindo berreiros por todos os lados
como um fungo bandido, urgente e sedento a cidade se espalha
|
||||
7. |
Bastas
02:50
|
|||
BASTAS
[Alexandre Kumpinski]
confunde ideias, não se furta de dizer “não sei”
afasta tão naturalmente o que não é sincero
e quando dança arrasta tudo em leve fluidez
e quando dança cameralentiza o salão
tudo é tudo, então
de peito aberto, cara aberta, cruza a multidão
corre faceira, abraça inteira, distribui carinho
busca nas coisas ver as coisas como elas são
busca no fundo ver em tudo o que tudo é
tudo é tão tudo, então
aproveita do mar a onda azul do mar e a funda escuridão
aproveita do mar a onda azul do mar e a funda escuridão
todo lugar quando ela chega muda de estação
toda estação que sintoniza sincroniza o ar
sem pressa atrai o que interessa sem se atravessar
ama tudo sem sacramentar
nada e nada, então
|
||||
8. |
Paso hacia atrás
02:49
|
|||
PASO HACIA ATRÁS
[Lola Membrillo - Alexandre Kumpinski]
pienso que no hay
paso hacia atrás
no hay trazo en camino que de error
paso a paso soy
amigo del tiempo que quita y que da
soltar me da fuerza, aliviana el andar
viajo el no saber
se ganhar não é perder
perder não é ganhar
quem vai saber
passo a passo voy
amigo del tiempo que quita y que dá
soltar me da fuerza
aliviana el andar
viajo el no saber
si ganar no es perder
perder no es ganar
quien va saber
donde para el tren?
|
||||
9. |
Isabel chove
03:05
|
|||
ISABEL CHOVE
[Felipe Zancanaro]
putas entre elas conversam
a cidade hps zona leste centro
chora
Isabel chove
nao vê sentido
revolve a vida a toque
vareja
mosca luminária bojo
luta
paloma sapa bicha
transa e xinga
doutrinas condenadas
umbigo reina e volta uma centelha
lá vem ela
perigo na paisagem que aponta pruma ausência
meio copo de água cheio
e ela anda atenta
bate de frente
espada de são jorge fred astaire princesas disney
enfrenta
o fogo a língua
conto de fada no sentido oposto
vira
um sopapo em golpes baixos
nas ruas
na sua
vocês veem o que eu to vendo?
|
||||
10. |
Pelos olhos do mundo
03:39
|
|||
PELOS OLHOS DO MUNDO
[Alexandre Kumpinski - Henrique Schaefer]
pode vir que eu tô à vontade
pessoa linda do cabelo solto
redimunhado todo em que me envolvo
tem um monticoisa que nos separa
tem um monticoisa que nos protege
nos abre o peito, nos mostra a cara
um monticoisa nos fortalece
andava todo emparedado por dentro
andava todo encasquetado por fora
como um refém de um perfil violento
o diferente andava embora
baixei a guarda, respirei um momento
olhei em volta, vi que não tinha borda
se por acaso a bolha calcificasse em dura casca tava foda
pode vir que eu tô à vontade
pessoa linda do cabelo solto
redimunhado todo em que me envolvo
o mundo se vê
através dos meus olhos
que não são meus
eu vejo o mundo
pelos olhos do mundo
meio que tudo é tudo
meio que tudo é um
quero deitar contigo caindo de sono de manhã
|
||||
11. |
Conforto
03:26
|
|||
CONFORTO
[Alexandre Kumpinski - Henrique Schaefer]
desenvolvo tudo
movo mundos e fundos
faço deus e o diabo
em nome de um conforto
que nunca me basta
|
||||
12. |
Metropolitano
02:41
|
|||
METROPOLITANO
[Felipe Zancanaro - Thiago Sebben - Marcelo Mendes - Alexandre Kumpinski - Diego Poloni - Fernão]
bufa, pisca, venta, gela, grita e some
reclama pelos canos
leva todo mundo
metropolitano
o arrasto enosa uma senhora
que já não tem pressa
perde o seu lugar
se gasta numa quina a idosa
espera a sua vez e, como ela
o espaço é breve, o brete é curto
correria, cotovelos, galerias
que transbordam bípedes
tiro pro alto, maratona, mãos ao alto
me enfio no rolo e me safo
quem sabe amanhã
me pegam de arrasto e numa cilada
me apertam na ponta da faca
no vagão do fundo
vai tá todo mundo
ataco a porta e travo
a ideia é simples: escapar dessa fria
de qualquer forma a gente fica pra trás
ultrapassa e volta pro mesmo lugar
grita, gela, venta, freia, pisca e bufa
faixa amarela pra consolação
um monte de gente
amontoadalata
um monte de gente
amotinada em si
artéria pulsante, na fila, engrossa
sem conexão com a liberdade
furam, encoxam e ninguém olha pro lado
e se um deixar pro outro sem sobrar nenhum
entre o paraíso e a barafunda?
próxima estação: belém
desembarque pelo lado esquerdo de que vem
|
||||
13. |
Bandeira
01:26
|
|||
BANDEIRA
[Alexandre Kumpinski - Henrique Schaefer - Fernão]
“qual é a lei que diz como é que eu devo agir?”
uma bandeira pode ser confortável
te dando sombra e algum guia
tremula ao vento
se agita
ondula
e não sai do lugar
fixada em postes
presa por uma corda que
não se importa em lhe servir
sem se questionar
sem dar conta que o vento que passou
voando ali
já tá lá
|
||||
14. |
Linda, louca e livre
02:01
|
|||
LINDA, LOUCA E LIVRE
[Alexandre Kumpinski]
eu não te quero de branco
eu não te sonho no altar
eu te quero linda, louca e livre
lado a lado enquanto ainda nos faça algum sentido estar
lado a lado, frente a frente
dois elos de uma corrente
que o acaso aos poucos vai fazendo e desfazendo encadear
e mesmo que haja medo
de te perder por aí de vista
tanto quanto me é possível
eu não quero que esse elo lindo se transforme em algema
eu não te quero de branco
eu não te sonho no altar
eu te quero linda, louca e livre
lado a lado enquanto ainda nos faça algum sentido estar
lado a lado, frente a frente
dois elos de uma corrente
que a vida aos poucos vai fazendo e desfazendo encadear
e mesmo que haja medo
de te perder por aí de vista
tanto quanto me é possível
eu não quero que esse elo acabe se tornando algema
|
||||
15. |
O corpo vai acabar
03:55
|
|||
O CORPO VAI ACABAR
[Thiago Ramil - Alexandre Kumpinski - Ian Ramil]
o corpo vai acabar
depois de tanto espalhar
gestos, rastros
incontáveis passos
o corpo vai espalhar
mesmo depois de acabar
seus pedaços
num infinito lastro
sem volta
acha o eixo e reinventa a roda
em novos corpos no amanhã
rebentando em muitas direções
e brota em outras notas
reverbera em ondas
vastas margens fractais
que se arranjam
em outros finais
|
Streaming and Download help
If you like Apanhador Só, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp